Por: Glenio Fonseca Paranaguá
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não
vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5:1.
A religião é um presídio de segurança máxima que o diabo inventou para
aprisionar os tontos que buscam a independência de Deus. Ela dá a impressão de
que você está livre, mas as suas exigências são asfixiantes. Ninguém pode viver
livremente em liberdade condicional. Essa liberdade vigiada é uma mentira do
inferno.
Adão se tornou um prisioneiro do pecado e a sua descendência já nasceu
algemada. Não há livre arbítrio para o pecador que só pode pecar. Todos nós
viemos ao mundo sob a ditadura do pecado e encarcerados ao nosso ego.
Os nossos primeiros pais foram livres antes do pecado. Eles podiam pecar
e não pecar. Depois da queda, a história é outra. Nascemos pecadores ou
escravos do pecado.
A religião é uma proposta que visa ao homem pecador alcançar a Deus pelos seus
méritos, justiça pessoal e boas obras. Ela propõe a aceitação de Deus pelos
feitos dos seres humanos que se esmeram na conduta e conquista dos seus
direitos de filiação.
O Evangelho é outra realidade. Ele não focaliza o que fazemos para
alcançar a Deus, mas o que o próprio Deus fez para nos alcançar, salvando-nos
de nós mesmos e nos libertando de nossa teomania, isto é, nossa loucura de
querer ser Deus.
A religião escraviza, mas o Evangelho liberta. A religião exige o
cumprimento da lei como forma de nossa aceitação. No Evangelho ,
Jesus cumpre a lei e nos atribui, pela fé, a sua justiça como a realidade espiritual
de nossa aceitação. E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o
homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras: Romanos 4:6.
A liberdade é um dos patrimônios mais preciosos dados pelo Pai, o Deus de toda
a Graça, aos seus filhos amados, que caminham em plenitude rumo à Nova
Jerusalém. Nenhum filho de Abba pode andar neste mundo, alegremente, como um
bem-aventurado, sob um regime de custódia ou aprisionado em uma gaiola de ouro.
Ninguém pode ser feliz vivendo em cadeias de grades de ferro ou em grades
invisíveis.
Apresento esta lenda chinesa como uma ilustração bem interessante, para que
você possa avaliar os sistemas de aprisionamento usados pela religião, em nome
do amor, a fim de sufocar as pessoas que pretendem mantê-las em cárceres
apertados. Considere este assunto com toda atenção, pois é preferível um
pássaro voando a um bando aprisionado.
O ROUXINOL E A GAIOLA DE OURO
Conta uma antiga lenda chinesa que certo dia o Imperador, passeando pelos
jardins do palácio, ouviu cantar um rouxinol. E era tão lindo o seu canto, que
as cores pareciam tornar-se mais vivas e o mundo mais belo.
Encantado, determinou que o pássaro fosse capturado e levado ao palácio, para
que pudesse ouvi-lo cantar em todas as horas do dia; e que os mais hábeis
artesãos recebessem os metais mais preciosos e as gemas mais raras, para que
pudessem construir a mais rica gaiola que já se viu neste mundo.
Assim se fez. E ao pássaro extraordinário foi reservado um local de honra, no
palácio, onde a esmerada iluminação fazia refulgir todo o esplendor da
magnífica gaiola.
Entretanto, o rouxinol definhava a cada dia. As suas penas, antes brilhantes e
vistosas, tornaram-se opacas e nunca mais se ouviu o seu canto.
O Imperador ordenou, em vão, que lhe fossem trazidos os mais atraentes e
saborosos petiscos, que com as próprias mãos ofertava ao pássaro amado.
Um dia, o rouxinol fugiu. E nem todos os emissários do império, enviados pela
China inteira, foram capazes de encontrá-lo novamente.
Então a tristeza dominou o Imperador, minando as suas forças. Em pouco tempo
viu-se o poderoso regente preso ao leito, dominado por misteriosa e persistente
doença. Fizeram de tudo e de nada adiantavam os remédios receitados pelos
maiores médicos do mundo, que para curá-lo, foram chamados.
E veio uma madrugada em que, em meio ao delírio da febre, julgou o Imperador
ver ao pé de seu leito o rouxinol.
Queixou-se, desvairado: - Ingrato, eis que te dei tudo de mim! Dei-te a gaiola
mais rica que jamais existiu, o melhor lugar do palácio e até mesmo os melhores
petiscos do mundo, com as minhas próprias mãos! Eu te amava e mesmo assim me
abandonaste!
Respondeu-lhe o rouxinol: - Dizes que me amavas... e, mesmo assim, era mais
importante a tua vaidade. Para que todos pudessem ver e ouvir o pássaro
maravilhoso que possuías, me encerraste em uma gaiola, ao teu lado, privando-me
de tudo que eu mesmo amava. Julgas, acaso, que a gaiola mais rica possa
substituir a beleza e a imensidão do céu? Ou que os esplendores do palácio me
sejam mais agradáveis que voar livre entre as flores, vendo a sua beleza e
respirando o seu aroma, sentindo o calor do sol e o orvalho fresco da manhã?
Certo é que me alimentaste com as tuas mãos e que para mim procuraste os
petiscos que melhores julgavas. Mas como podes acreditar que me fossem mais
saborosos que os alimentos por mim mesmo escolhidos e por meu próprio bico
colhidos?
Porém, não me cabe julgar-te. Sei que é assim entre os homens; o que chamais
amor não é senão a satisfação das vossas vontades. Em nome do que dizeis
sentir, buscais acorrentar a vós aquele que jurais amar; e não acreditais que
alguém vos ame, a menos que se curve a vossos desejos, esquecendo as suas
próprias necessidades. O que chamais “dor de amor” é, na verdade, o vosso
egoísmo contrariado.
Deixa-me, apenas, mostrar-te o que é o Amor. Porque, embora os
emissários que enviaste para capturar-me não me tenham encontrado, eu jamais me
afastei de ti; escondi-me em um arbusto do jardim, de onde, às vezes, podia
ver-te, sem que me visses.
E renunciei ao canto, que me denunciaria, para desfrutar da liberdade.
Entretanto retorno, agora que precisas de mim. E apenas te peço que não tentes
prender-me, ou o Amor se perderia na revolta. É certo que não estarei
contigo todo o tempo que quiseres, mas hás de ouvir-me sempre que me for
possível.
Deixa-me cantar para ti porque te amo, não porque assim o desejas!
Raiava o dia. E o Imperador, já melhor da febre que o castigara, julgou ouvir
um som maravilhoso que se espalhava pelo quarto, trazendo de volta a alegria e
as cores da vida. Abriu os olhos para a luz do amanhecer, como se os abrisse
para a esperança.
No parapeito da janela, cantando como nunca, estava o rouxinol.
A religião é a gaiola de ouro. É o lugar da clausura e da tristeza, enquanto o Evangelho
é a liberdade do Jardim da ressurreição Jesus Cristo. Se você canta acuado, o
seu louvor é um lamento. É horrível ver crente religioso cantando sob pressão.
Pouca coisa diz tanto como o canto livre do passarinho liberto. Se você é de
fato um filho de Abba, você faz parte do coral alforriado que adora com
liberdade, sem medo de ser um bem-aventurado. Felizes são os que vivem fora das
gaiolas como rouxinóis diante do trono de Sua Alteza, o Rei dos reis. Aleluia
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