Relógio

domingo, 20 de novembro de 2011



De acordo com Romanos 12 (v.4), no Corpo de Cristo “há muitos membros” – cada um com seu lugar e função particulares, pois Deus fez todos os membros diferentes um do outro. A pergunta que precisamos analisar é: como podem todos esses membros, com suas funções variadas, serem ajustados e ligados como um só Corpo”?

A Autoridade da Cabeça

O primeiro princípio do viver no Corpo de Cristo é estar em sujeição à autoridade da Cabeça, visto que a própria existência do Corpo, com suas funções e atividades variadas, depende da autoridade.

Sempre que a autoridade perde seu terreno em nós, o corpo é imediatamente paralisado. Aquela parte do corpo que é desobediente é a parte que experimenta a paralisia. O corpo que não se sujeita ao comando da cabeça é apenas um corpo paralisado. Onde existe a vida, existe autoridade. É inconcebível rejeitar a autoridade e ainda receber vida.

Todos os que estão cheios de vida são obedientes à autoridade. Como, por exemplo, minha mão física pode ter vida e ao mesmo tempo resistir ao controle da cabeça?

Minha mão está viva porque pode ser comandada pela cabeça. O próprio viver da mão significa que minha cabeça é capaz de dirigi-la e utilizá-la. O mesmo é verdadeiro com respeito ao relacionamento entre qualquer membro do Corpo de Cristo e a Cabeça. O primeiro princípio para cada membro que vive no Corpo de Cristo, portanto, é obedecer ao Senhor, que é a Cabeça.

Se você e eu não formos tratados até chegar ao ponto de nos tornarmos obedientes, então o que sabemos sobre o Corpo é meramente doutrinário por natureza, e não um assunto de vida. Que bênção é ter Deus tratando nossa vida natural, fazendo com que estejamos em sujeição a Cristo, a Cabeça!

Devemos buscar a obediência diariamente. Não só precisamos buscar oportunidades que nos façam avançar espiritualmente a fim de que nos tornemos santos e justos, mas também precisamos buscar diante de Deus cada oportunidade de obedecer, para que também aprendamos a obediência.

A Autoridade dos Membros

O segundo princípio do viver no Corpo é que nenhum membro tem qualquer autoridade, pois a autoridade está somente na Cabeça. Seria um sério erro se um membro alegasse possuir autoridade em si mesmo. Um membro não possui autoridade direta; ele tem apenas a autoridade que lhe foi delegada pela Cabeça. E essa autoridade não é apenas posicional, mas é totalmente decorrente da vida. Essa autoridade não vem por meio da nomeação, mas pelo ser.

Se um membro não é um olho, o Corpo não pode estabelecê-lo como olho. Se não é mão, o Corpo não pode fazer dele mão pelo simples fato de nomeá-lo como tal. Um membro tem a autoridade de segurar ou de ver somente porque ele pode segurar ou ver. E visto que ele atua de acordo com essa norma, as pessoas recebem ajuda.

É um erro muito estúpido se, em uma igreja, a autoridade está relacionada à posição e não à vida, se uma pessoa é nomeada por causa de sua posição social e não por sua espiritualidade. A Palavra de Deus claramente nos mostra que a autoridade está na vida, não na posição ou no histórico de alguém. A autoridade é estabelecida em uma pessoa em decorrência de seu viver, não por meio da nomeação. Essa pessoa, em sua vida pessoal e corporativa, experimentou tratamentos em questões práticas e aprendeu o que outras pessoas ainda estão por aprender. No Corpo de Cristo, toda autoridade procede da vida.

Ainda que, em uma assembléia local, haja nomeações pela direção de Deus, ainda assim não devem ser feitas de acordo com a posição, mas de acordo com a vida. Quando a vida e a nomeação concordam, você deve se submeter; de outro modo, a vida cessará em você e você será deslocado do Corpo – significando com isso que você não se mantém ligado firmemente à Cabeça. Se existe algo errado entre você e outro irmão, você não pode dizer que tem um relacionamento normal com a Cabeça. Se fez mal a outro membro do Corpo, pode ser que você não esqueça de nenhum ensinamento e pode até continuar em sua obra de ministério como antes, porém você perdeu a Palavra da vida.

Portanto, na Igreja, precisamos aprender a submetermo-nos uns aos outros. Se os membros não se submetem mutuamente, a vida mencionada em Romanos 8 não poderá se manifestar. Pelo contrário, os irmãos sentirão como se o ar lhes faltasse – dificilmente eles conseguirão prosseguir. Porém, aqueles que discernem o Corpo de Cristo consideram a submissão a mais jubilosa prática.

Watchman Nee
A vida original

Para recuperar a igreja original, João nos diz que temos que retornar primeiro à vida original. A vida que estava no princípio com Deus. Antes que algo fosse criado, ela se encontrava escondida no seio do Pai. O apóstolo a chama «a vida eterna», mostrando com isso o seu caráter mais essencial. É eterna porque é divina. Na verdade, trata-se da vida que possui o Deus eterno. Por este motivo, não muda, não se enfraquece, não decai nem jamais morre. Ela é a causa de existir a eternidade.
A vida – nos diz João– foi manifestada e a temos visto». Aqui está a medula de sua mensagem. Ele nos fala de ter ouvido, tocado, contemplado e apalpado o Verbo da vida. Esta experiência íntima e profunda com Jesus Cristo explica o nascimento de algo chamado igreja sobre esta terra. Nada mais o pode explicar, pois, segundo João, ela tem a sua causa precisamente nesta experiência original.
Mas, de que experiência estamos falando? A resposta a esta pergunta nos aproxima do coração da mensagem joanina: a experiência de Jesus Cristo com os doze.
O Verbo de Vida se fez carne e habitou entre nós. Disto se trata tudo. João era já muito velho quando escreveu a sua carta, mas certamente podia recordar vividamente o momento em que Jesus cruzou por seu caminho. Um dia qualquer em sua vida comum de pescador junto ao mar da Galiléia, enquanto remendava as suas redes, a vida eterna se deteve por um instante junto a ele e lhe disse: «siga-me». Isso foi suficiente. A partir desse dia, João abandonou tudo e se uniu a mais onze homens na incerta aventura de seguir e conhecer a Jesus. Nada sabiam ainda do alto chamado que tinham por diante, pois, compreendamo-lo bem, eram sós doze homens comuns cujas vidas teriam permanecido para sempre no anonimato caso não tivessem tido o seu encontro com Jesus.
Mas o encontro aconteceu e muito em breve toda a história do mundo ficaria transtornada por este acontecimento. Durante os próximos três anos e meio seguintes os doze viveram para conhecer a Cristo em quase toda circunstância humana possível. Sucessiva e progressivamente, experiência após experiência, aqueles homens foram despidos e esvaziados, moídos e amassados até vir a ser «uma só coisa» com ele. E nessa profunda e participativa comunhão com Jesus Cristo chegaram, finalmente, a formar parte de algo que está completamente além da esfera deste mundo. Pois, na verdade deveriam experimentar a vida tal como era experimentada desde a eternidade no íntimo seio da Trindade. Contemplando a Cristo viver por meio da vida do Pai, eles aprenderam a viver por meio de Cristo. Esta foi a sua lição mais importante.
Como expressar com palavras o que esses homens viveram com Jesus Cristo? Como definir o mais essencial da sua experiência? João nos resume isso com uma só palavra: amor. Porque para o discípulo amado, o amor não é um ingrediente a mais da experiência cristã, mas o ingrediente fundamental. A vida que eles conheceram em Jesus tinha, sobretudo, essa forma essencial: «... como havia amado aos seus que estavam no mundo, amou-os até o fim». Aqueles homens foram amados por Jesus, e através dele, pelo Pai. Em todas as diversas experiências vividas junto ao Mestre aquele atributo predominante de sua vida divina foi cativando, envolvendo e transpassando. E, por isso, quando o Senhor lhes entregou o seu mandamento mais importante, entenderam claramente o que estava lhes mandando: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei».
Esta experiência os transformou por completo, até convertê-los nos doze homens que mudariam o mundo, quando, depois do Pentecostes, aquela vida veio morar dentro deles para sempre.