Relógio

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Verdadeira e a Falsa Humildade
A. W. Tozer
"O homem verdadeiramente humilde não espera encontrar virtude em si mesmo"
  A humildade é algo absolutamente indispensável para o cristão. Sem ela, não pode haver conhecimento de si mesmo, nem arrependimento, nem fé, nem salvação. As promessas de Deus são dirigidas aos humildes; o homem orgulhoso, com seu orgulho perde o direito a todas as bênçãos prometidas aos humildes de coração, e não pode esperar da mão de Deus outra coisa senão juízo. Contudo, não devemos esquecer que há uma falsa humildade que se distingue da real, e que no geral existe entre os crentes, sem que se dêem conta de que é falsa.
A humildade verdadeira é algo saudável. O homem humilde aceita que se lhe diga a verdade. Ele crê que em sua natureza caída não habita bem nenhum. Reconhece que, separado de Deus, não é nada, não tem nada, não sabe nada, nem pode fazer nada. Mas esse conhecimento não o desanima, porque também sabe que, em Cristo, ele é alguém. Sabe que para Deus ele é mais precioso que a menina dos seus olhos, e que pode todas as coisas por meio de Cristo, que o fortalece; ou seja, pode fazer tudo o que está dentro da vontade de Deus que ele faça.
A pseudo-humildade é, na realidade, simplesmente orgulho com outra cara. Faz-se evidente na oração do homem que se condena diante de Deus como fraco, pecador e néscio, mas que se ofenderia e lhe causaria raiva se sua esposa dissesse essas mesmas coisas dele. Não é que esse homem seja necessariamente um hipócrita. A oração de autocondenação pode ser completamente sincera, como também o pode ser sua defesa própria, embora ambas pareçam contradizer-se mutuamente. A semelhança entre as duas é que ambas nasceram dos mesmos pais: o pai é o amor próprio e a mãe é a confiança em si mesmo.
O homem cheio de auto-estima espera de forma natural grandes coisas de si mesmo, e se sente amargamente desanimado quando fracassa. O crente que tem autoestima tem os mais elevados ideais morais: chegará a ser o homem mais santo de sua igreja, se não o mais santo de sua geração. É possível que fale da depravação total, da graça e da fé, enquanto ao mesmo tempo inconscientemente está confiando em si mesmo, promovendo-se a si mesmo e vivendo para si mesmo. Como tem aspirações tão nobres, qualquer falha em alcançar seus ideais o enche de desânimo e desgosto. Vem, então, a dor da consciência, que ele erroneamente interpreta como evidência de humildade, mas que na realidade só é uma amarga negativa de perdoar-se a si mesmo por haver caído da alta opinião que tinha de sua própria pessoa.
Às vezes se pode traçar um paralelo com a pessoa do pai orgulhoso e ambicioso que espera ver no filho o tipo de homem que ele havia esperado ser e não é, e que quando o filho não vive de acordo com suas expectativas não quer perdoá-lo. A dor do pai não vem do seu amor pelo filho, mas de seu amor por si próprio. O homem verdadeiramente humilde não espera encontrar virtude em si mesmo, e quando não a encontra, não se desanima. Ele sabe que qualquer boa obra que poderia fazer é resultado da obra de Deus nele, e se é obra própria sua sabe que não é boa, por melhor que pareça. Quando essa crença se torna parte desse homem, algo que opera como uma espécie de reflexo subconsciente, ele se vê liberto do peso de viver segundo a opinião que tem de si mesmo. Pode descansar e contar com o Espírito para que cumpra a lei moral em seu íntimo. Muda-se o centro de sua vida, do ego para Cristo, que é onde deveria Ter estado desde o princípio, e assim se vê livre para servir a sua geração de acordo com a vontade de Deus, sem os milhares de empecilhos que antes tinha. Se um homem assim falha para com Deus de alguma forma, lamenta-o e se arrepende, mas não passa os dias castigando-se a si mesmo por seu fracasso. Dirá com o Irmão Lourenço: "Nunca poderei agir de outra forma se me deixas só; Tu és aquele que deve impedir minha queda e emendar o que é mau", e depois disso "não continuará se torturando pelo acontecido". Quando lemos sobre a vida e os escritos dos santos, é que a falsa humildade mais entra em ação. Lemos Agostinho e percebemos não ter sua inteligência; lemos Bernardo de Claraval e sentimos um calor em seu espírito, que não encontramos em nosso próprio em um grau que sequer se lhe assemelhe; lemos o diário de George Whitefield e temos de confessar que comparados com ele somos simples principiantes, noviços espirituais, e que apesar de nossas "vidas tão supostamente ocupadas" vemos muito pouco ou nada realizado. Lemos as cartas de Samuel Rutherford e sentimos que seu amor por Cristo ultrapassa tanto o nosso, que seria estupidez sequer mencioná-los ao mesmo tempo. É então que a pseudo-humildade começa a trabalhar em nome da autêntica humildade e nos leva até o pó numa confusão de autocompaixão e autocondenação. Nosso amor próprio se volta contra nós mesmos e com grande azedume nos joga em rosto nossa falta de piedade. Sejamos cuidadosos com isso. Aquilo que achamos ser penitência pode facilmente ser uma pervertida forma de inveja e nada mais. É possível que simplesmente estejamos invejando esses poderosos homens, e desanimemos de chegar a ser como eles, imaginando que somos muito santos porque nos sentimos humilhados e desanimados.
Tenho conhecido duas classes de crentes: os orgulhosos que se consideram humildes, e os humildes que têm medo de ser orgulhosos. Deveria haver outra classe: os desesperados de si mesmos que deixam todo o assunto nas mãos de Cristo, e se negam a gastar o tempo tentando fazer-se bons. Serão esses os que alcançarão o alvo, e bem antes que os demais.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

A PREGAÇÃO DA PALAVRA

Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. 2 Timóteo 4:2-3.

Se a palavra do pregador não é a palavra de Deus, Deus não tem nenhum compromisso com esta palavra. É por isso que nós não podemos perder o foco e nem o fogo da verdade da Palavra de Deus. Hoje infelizmente os homens e as mulheres acostumados à televisão, internet, não tolera mais a pregação da Palavra. Mas a ordem de Deus é sempre atual; “prega a Palavra”. Eu estou muito seguro de que a pregação é o melhor remédio de Deus para a igreja contemporânea. Creio que a única saída para a igreja evangélica verdadeira nesta cidade e também no Brasil é voltar-se para as Escrituras e pregar a verdadeira Palavra de Deus. Em quase todos os lugares o que estamos vendo é o misticismo sincrético. É o evangelho do sal grosso, da rosa ungida, do copo d’água em cima do televisor. Será que é essa a pregação que Deus deixou para nós pregarmos? Vejamos o padrão de pregação que o Pai deixou para nós seus filhos e filhas. Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios. 1 Coríntios 1:23.
Esta é a genuína Palavra que trata de Cristo e Sua obra na cruz do Calvário, que todos nós conhecemos como o Evangelho de Deus. Quando pregamos outra coisa fora de Cristo e Sua bendita obra, estamos traindo a Cristo e em lugar de sermos abençoados, somos amaldiçoados, porque Deus não autorizou que pregássemos outra coisa senão o Evangelho. Gálatas 1:8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. O nosso Deus que é fiel em Sua Palavra nos levou por graça a crer naquele sacrifício que nos liberta plenamente e perfeitamente do pecado. A Palavra de Deus é a semente bendita que uma vez plantada em nossos ouvidos, ele desce para o coração, gerando assim nova vida. 1 Pedro 1:23 Pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Uma vez que fomos regenerados pela Verdade da Sua Palavra, somos incumbidos de levar esta semente viva a todos os vasos apodrecidos pelo pecado. Pregamos um Cristo vivo e a Palavra viva. Hebreus 4:12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. Amém.
QUERIDO IRMÃO E QUERIDA IRMÃ, QUE O SENHOR REVELE ESTA VERDADE AO SEU CORAÇÃO. TENHA UM BOM DIA - GRAÇA E PAZ.
Paulo está preso em Roma, a sua segunda prisão, ele está na ante-sala do martírio, no corredor da morte. Paulo está escrevendo a sua última carta e este capítulo é o último capítulo. E estas são as últimas palavras do apóstolo antes de ir para o martírio, por isso, vale à pena ficarmos atentos ao que Paulo está dizendo. Antes de morrer Paulo falou a seu pupilo Timóteo sobre a importância da pregação. E é muito importante aprendermos o que ele está dizendo aqui. Há uma grande diferença entre pregar a Palavra e pregar sobre a Palavra. A Palavra é o conteúdo da pregação e a autoridade do pregador. A Palavra é a fonte da mensagem e a autoridade do mensageiro. O pregador não cria mensagem, ele transmite a mensagem. A mensagem não é gerada pelo pregador, porque a mensagem é de Deus. Deus dá a mensagem e os seus filhos anunciam as boas novas. O Senhor deu a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas-novas. Salmos 68:11.A mensagem é a própria Palavra, por isso não devemos anunciar outra coisa senão a Palavra. É muito importante nós entendermos isso, porque a ordem de Deus é: “Prega a Palavra”. Por isso a pregação é o instrumento mais importante que Deus sempre usou e ainda usa e há de usar, para chamar as pessoas à fé salvadora. Foi Jesus quem orou ao Pai dizendo: Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra. João 17:20.Foi Paulo quem disse que “a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus”. A pregação jamais deixará de ser o ponto mais importante da missão da igreja no sentido do anúncio e da proclamação. Sempre que a igreja esteve em alta, buscando avivamento, santidade, crescimento espiritual e numérico, a pregação esteve em alta. Sempre que a igreja esteve em crise à pregação esteve em crise. A pregação é o instrumento que Deus usa para levar a igreja ao crescimento. Mas infelizmente quando se fala em crescimento, ficamos com o pé atrás. Por quê? Porque nós estamos assistindo uma avalanche de técnicas pragmáticas, geradas através dos mecanismos de marketing, para produzir este tão sonhado e cobiçado crescimento numérico da igreja. Não é errado buscar o crescimento numérico da igreja, mas temos que buscar o genuíno crescimento que vem de Deus. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. Atos 2:47b.Hoje, Infelizmente as igrejas estão buscando o crescimento numérico a qualquer custo. Eles não perguntam: isto é certo, isto é verdadeiro? Mas perguntam: isso funciona? Hoje as igrejas estão buscando o crescimento a qualquer custo a qualquer preço, mesmo em sacrifício da verdade. O que o povo gosta, o que o povo quer ouvir, o que da ibope, o que atrai a multidão e, com isso estão fazendo da igreja um supermercado, onde estão dando ao povo o que eles querem e não o que eles precisam ouvir. Mas esse não é o princípio de Deus. O pregador não prega o que ele quer e nem o que o povo deseja, mas prega o que Deus diz. Jeremias 23:28 O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? —diz o SENHOR.O pregador prega a Palavra. Ele não prega para agradar, para ser popular, para arrancar aplauso, mas ele prega com fidelidade a Palavra. Estamos vendo que a igreja evangélica brasileira está caminhando a passos largos rumo a uma descaracterização. Por quê? Porque hoje a verdade não é mais o vetor que conduz a igreja e sim o que funciona. As pessoas estão negociando a verdade. As pessoas estão mercadejando o Evangelho. As pessoas estão transformando o templo numa praça de barganha, o púlpito num balcão de comércio, o evangelho num produto e os crentes em consumidores. Nós precisamos crescer, mas um crescimento saudável. Porque nem todo o crescimento, é o crescimento que Deus quer. Nem todo crescimento numérico expressa o propósito de Deus numa igreja. Uma igreja grande em números, não é necessariamente uma igreja que está honrando a Deus. O crescimento saudável da igreja é aquele que o Espírito Santo produz mediante a pregação fiel das Escrituras Sagradas. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1:18.O escritor Rick Warren foi muito feliz em seu livro “uma igreja com propósitos” quando disse: “pergunta errada: o que eu devo fazer para a igreja crescer?”. “Pergunta certa: o que está impedindo a igreja de crescer?”. Porque se a igreja é um organismo vivo, ela cresce naturalmente. Por outro lado, se ela não está crescendo é porque existe algum sintoma de doença que precisa ser diagnosticado e detectado e ser tratado. Às vezes é falta de perdão, ou talvez ciúme, inveja, pode ser ressentimento. Como seria bom se nós como igreja do Senhor fossemos transparentes uns com os outros. Falássemos a verdade cada um com o seu próximo. Spurgeon disse que “seria mais fácil você ensinar um leão a ser vegetariano do que com todos os seus recursos salvar uma vida”. O crescimento vem do Senhor. 1 Coríntios 3:6 Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.Nós não temos poder para mudar o coração de uma pessoa, somente o Espírito Santo tem este poder. Nós cremos que o Espírito Santo age mediante a pregação fiel da Sua Palavra. Irmãos, Deus não tem compromisso com a palavra do pregador, Ele tem obrigação com a Sua Palavra. A palavra que não volta vazia não é a palavra do pregador, mas sim a Palavra de Deus. Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Isaías 55:11.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

NÃO TE IMPACIENTES

Deixa a ira, abandona o furor; não te impacientes; certamente, isso acabará mal. Salmos 37:8.Uma das maiores dificuldades do ser humano é esperar. Nossa paciência é curta. Queremos que tudo aconteça de nosso modo e no nosso tempo. O século 21 é o século do imediatismo. Paciência parece ser uma virtude em extinção. Esperar produz em nós estresse. Somos a geração do “fast-food”, da comunicação virtual, da Internet banda larga, da celeridade. Alcançamos o mundo na ponta de nossos dedos. Trazemos o universo para o recesso de nossa sala. Em tempo real, assistimos concomitantemente ao que se passa no planeta terra, essa pequena aldeia global. É imperativo que tudo funcione dentro das leis do imediatismo. Esperamos que até mesmo Deus se enquadre dentro desse cronograma. Não temos paciência para esperar. Esperar um dia, uma semana, um mês, um ano, parece-nos uma eternidade. Neste mundo de impaciência, desespero e desesperança, muitos têm uma esperança que não se desespera. A obra da cruz é o único método de Deus para por fim ao impaciente. Quando cremos que morremos com Cristo, o manso e humilde de coração vem habitar dentro. Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 1 Coríntios 3:16.Muitos, porém, desesperam-se antes de esperar. Recentemente li a história de um médico francês cujo filho, vitimado por uma doença incurável, ao ver que todos os esforços haviam fracassado, aplicou em seu filho a eutanásia. Ao retornar do cemitério, onde havia depositado o corpo do filho amado, recebeu um telegrama de um médico amigo: “Acabamos de descobrir um remédio eficaz para a cura do seu filho. Segue pelo correio a dose que lhe salvará a vida”. Infelizmente, era tarde demais. Aquele pai não teve a capacidade de esperar, levantou-se contra a esperança e apressou a morte do próprio filho. A nossa alma é muito impaciente, a carne é impaciente demais. No campo espiritual devemos saber como trabalha o nosso bendito Pai celestial. Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera. Isaías 64:4.
Todos aqueles que já nasceram de novo esperam contra a esperança. Esses esperam quando parece loucura nutrir na alma qualquer expectativa. Esses compreendem que o Pai eterno se recusa a agir dentro das pressões de nossa agenda. Esses aceitam o fato de que Deus, muitas vezes, trabalha de forma artesanal e sem pressa para alcançar os melhores fins. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Hebreus 4:16.Nós temos na Palavra de Deus um homem que pelo fato de ser trabalhado pelo Senhor se tornou paciente. Estou falando de Abraão. A vida de Abraão, o Deus de Abraão, o relacionamento de Deus com Abraão e a espera de Abraão são tônicos para nossa alma, remédio para nosso coração. Observaremos esse patriarca e aprenderemos sobre a esperança que não se desespera. Só pode ter uma esperança que não se desespera quem crê no Deus dos impossíveis. Quero destacar alguns fatos importantes sobre Abraão. Você sabe com quantos anos Abraão começou a ouvir a Palavra de Deus? Aos 75 anos! Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Gênesis 12:4.Aos 75 anos, pensamos mais em “dependurar as chuteiras”, em nos aposentar, em entrar num pijama, comprar uma cadeira de balanço e encerrar a carreira. Abrão, aos 75 anos, começava seu caminhar com o Senhor, recebia o maior desafio de sua vida. Aos 75 anos, ele estava em pleno vigor, fazia arrojadas caminhadas, aceitava grandes desafios de Deus. Não há hora, não há tempo, não há idade para Deus chamar e desafiar você; e também para começar um novo projeto em sua vida. Deus pode começar uma obra extraordinária com pessoas de cabelos brancos e com a face marcada pelas rugas que o tempo esculpiu. Abrão a exemplo de nós também era um impaciente. Ele tinha nome, mas ainda não tinha filhos. Ele tinha a promessa, mas não a realidade. Abraão enfrenta quatro problemas para esperar: sua idade avançada; a esterilidade de sua mulher; a demora de Deus, pois haviam passado onze anos desde que Deus fizera a promessa do filho, e a escolha precipitada aos 86 anos, quando por sugestão de Sara, sua mulher, ele arranja um bebê com a escrava Agar. Disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Gênesis 16:2.Talvez sua angústia seja a mesma que assaltou o coração de Sara. Você espera há muito tempo o cumprimento de uma promessa. Você espera há anos a conversão de seu marido, de sua esposa, de seus filhos, de seus pais. Os anos correm, e nada! Aquele problema que aflige sua alma fica cada vez pior. O filho da promessa parece cada vez mais distante. Cada regra, cada menstruação de Sara era uma espera impaciente, até que ela entrou na menopausa, e Deus não cumpriu a promessa. Assim, Sara perdeu a paciência. Ismael, o filho de Abraão com Agar, foi a gestação da impaciência de Sara, e não a procura de Abraão. Irmãos, Abraão tinha 100 anos de idade quando Isaque nasceu. Leiamos Gênesis 21:5 Tinha Abraão cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho.
O apóstolo Paulo diz em Romanos 4:17b. Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.O corpo de Abraão já estava amortecido. Já havia passado para Sara a idade própria de ser mãe. Se isso não bastasse, Sara ainda era estéril. O bom senso dizia: “Impossível!”. A razão gritava: “Não pode ser!”. Mas a fé diz: “Tudo é possível!”. Abraão esperou 25 anos desde a promessa até Isaque nascer. Será que teríamos condições de esperar uma promessa de Deus tanto tempo? Será que não teríamos sepultado essa promessa no túmulo de nossa incredulidade e desesperança? Abraão acreditava que a promessa de Deus não podia falhar. Ele confiava no caráter de Deus. Sua fé estava plantada no solo firme da promessa, e sua esperança estava posta no Deus que não pode mentir. O apóstolo Paulo escreve sobre Abraão: Não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera. Romanos 4: 20-21.Depois que nasceu Isaque, Abraão é chamado a sacrificar o seu filho. Ao todo, são 39 anos desde o dia da promessa até o dia em que Deus pede Isaque de volta a Abraão. Agora, Abraão, de posse da promessa, escuta Deus lhe falando: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Gênesis 22:2.
Havia uma paciência tão grande em Abraão que ele acreditava que a promessa de Deus não poderia ser frustrada, que Deus ressuscitaria seu filho. Ele acreditava que nem a morte podia colocar limites ao poder de Deus. Acreditava que, quando andamos com Deus, a morte não tem a última palavra. Com isso Abraão passou no teste e hoje ele é o pai da fé. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Gálatas 3:7.Abraão compreendia que Deus era o Senhor de seus sonhos, por isso aguardou com paciência o cumprimento da promessa. Depois do choro, vem a alegria. Depois das lágrimas, vem o consolo. Depois do deserto, vem a terra prometida, depois da humilhação, vem a exaltação. Depois da cruz, vem a coroa. Depois da prisão, vem o trono. Como nós que cremos no Senhor Jesus Cristo, podemos ficar impacientes? Quando ganhamos a experiência da regeneração, Aquele que recebeu do Pai “todo poder no céu e na terra”, vem habitar dentro de nós. Será que não dá para descansarmos neste bendito fato? A nossa carne impaciente precisa ser tratada pela cruz num morrer diário. Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. 2 Coríntios 4:10.Quando o desejo do nosso coração é desejar ser trabalhado pela cruz do Senhor, podemos dizer a nossa alma: Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. Salmos 43:5. Amém.
GRAÇA E PAZ AMADOS(AS) DO SENHOR.
Pr. Claudio Morandi

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O PARADIGMA DA IGREJA

E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. Atos. 2:42.Nos dias atuais, com uma infinidade de “modelos de igreja”, às vezes até nos perguntamos: Qual é o nosso paradigma de igreja? Ou até: Qual é o paradigma da Igreja do Senhor Jesus? Antes de começarmos esta viagem em busca de respostas devemos considerar alguns aspectos: O que é um paradigma? Paradigma é um modelo a ser seguido, é um padrão de unificação (unidade), que gera em nós o exemplo de vida, o gabarito da estrutura, o nível de qualidade, as balizas da caminhada. De uma forma filosófica ou acadêmica é assim que podemos explicar. O mais intrigante de tudo isso é que se vivemos o verdadeiro paradigma, nós não deveríamos nos questionar desta forma em relação à “igreja”, ou seja, não estaríamos nos fazendo estes questionamentos nos dias de hoje, se a “igreja” tivesse se mantido no alvo, desde o princípio. O problema central desses novos e modernos modelos de igreja é que não há espaço para o que era natural anteriormente, e não estou falando de alguns anos atrás, mas do princípio de tudo. Justamente pelo que era importante ter sido deixado para trás, é que esses novos modelos se tornaram o foco principal de tudo e de todos, não havendo mais espaço para o evangelho da Graça, pois este evangelho não dá espaço para a graça do homem. O texto de Atos 2:42, nos remete a 4 aspectos simples e naturais da vida da nova criatura, que norteiam a caminhada rumo a plenitude de Cristo. Até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. Efésios 4:13.
Essa medida é o paradigma de Cristo em nós. 1) E perseveravam na doutrina dos apóstolos... A palavra chave nesse texto é perseverar, que nos traz a ideia de continuidade, permanência e persistência. Os primeiros cristãos permaneciam na doutrina dos apóstolos, que era a mesma doutrina de Cristo, anunciando a mensagem da cruz que é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é poder de Deus (1 Cor. 1:18). Uma coisa muito interessante que comumente vemos acontecer no meio evangélico são os ensinamentos de como que se deve perseverar, ensinando a viver uma perseverança com cheiro de esforço humano, justiça própria, ignorando as palavras do apóstolo Paulo:
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10. A perseverança do cristão está baseada no que ele é, e não, no que ele faz. Está baseada na ação de Cristo no cristão e não na ação do Cristão. O apóstolo Paulo expressa no texto acima primeiro o que ele é pela graça, depois o que ele faz por meio da graça. Vendo esse texto, lembro-me do meu pai um dia conversando com um cidadão em Fortaleza. Meu pai o perguntou: você consegue permanecer homem até o fim dos seus dias? Ao que o cidadão prontamente respondeu: “claro que sim, pois eu sou homem”. A perseverança também é assim, ela está diretamente ligada ao que somos. Permanecer na doutrina dos apóstolos é tarefa para novas criaturas, para filhos genuínos, gerados pela Palavra. Mas, cotidianamente, o que vemos são movimentos contrários à verdade, pastores que são verdadeiros lobos em pele de cordeiro, advogados do diabo. Todos os dias, no rádio, na TV, e na internet os vemos pregando o evangelho da marcha ré. Quando não é assim, aparecem os “super-crentes”, filhos “maduros”, com corpos suados de tanto desempenharem os ativismos da madureza, pregando que a palavra da cruz é somente um detalhe, e o que importa realmente é a “maturidade”. Mas sobre isso o apóstolo Paulo também já nos advertiu:
Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo 2 Coríntios 11:3.2 )... e na comunhão, 3 ) e no partir do pão... Muitas pessoas pensam que estes dois termos são redundantes, que querem dizer a mesma coisa. Até querem, mas neste contexto têm importâncias distintas. A Comum União dos santos está intrinsecamente ligada ao amor cristão, a ser família de Deus, a ser gerado de um mesmo pai, o “Aba”, que nos fez um em Cristo. Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste João 17:21.
E como Um, ou em Unidade, expressamos o amor com nossos atos, a Palavra de Deus nos ensina a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Grande Mandamento), assim o próprio Cristo nos ensinou: Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros João 13:35.Essa expressão de amor na comunhão dos santos é manifesta de várias formas: no cuidado uns com os outros, no carregar o fardo uns dos outros e no se importar realmente com o próximo. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram Romanos 12:15.
O partir do pão é a mais singela expressão de unidade. Imagine pessoas unidas por laços de sangue ou do Espírito tendo um momento de comunhão no partir do pão. Aí eu lhe pergunto: quem você põe na mesa da sua casa para comer com você? O Senhor derramou de seu amor em nossos corações e nos faz agir com graça até nas coisas mais simples da vida como partir o pão. E perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração Atos 2:46.
Mas o partir do pão não é somente comer junto, é viver a comunhão. E aprender a repartir o “PÃO” que ele nos tem dado, é saber apoiar o irmão em tudo, porque às vezes é muito fácil ver pessoas em nosso meio que dizem: “O Senhor me chamou para pregar boas novas”. Então, ele vai e prega, e o irmão que recebeu as boas novas, passa necessidades. Aí ele diz: “Que Deus te abençoe”. Amados, saibamos que Deus abençoa, e já nos abençoou em Cristo, e sempre nos dará condições e recursos para investirmos na obra e nos irmãos, segundo a sua vontade, e não somente em nós mesmos. 4)... e nas orações. Orar é falar com o Pai, e como temos livre acesso a Ele por meio de Cristo, oramos sem cessar. Falamos com Ele a todo momento, a todo instante, pois Cristo afirmou: e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! Mateus 28:20b. Perseverar nas orações é falar com o Pai sobre tudo, Ele é Deus e é Pai. Muitas vezes tratamos o Pai como alguém distante que está lá no céu ocupado com todas as orações da humanidade, mas na verdade, Ele é um Pai presente que está a todo o momento conosco, guiando, consolando, fortalecendo, fazendo seguir em frente e, principalmente, revelando-se a nós com toda Graça e Verdade. Comparo estes quatro aspectos de Atos 2:42, com uma cadeira que tem quatro pernas, estas pernas tem que ser idênticas e do mesmo tamanho pois se assim não forem gera desconforto a quem nela se assenta. O Paradigma da Igreja é Cristo em nós, Cristo que é a nossa vida e o único meio pelo qual podemos manifestar Cristo ao mundo. Ele é a única forma de perseverarmos como o que somos: novas criaturas, filhos de Deus, gerados em Cristo Jesus para as boas obras, que Ele mesmo as fez para que andássemos nelas. Cristo em nós nos faz permanecer na doutrina dos apóstolos (a Palavra da Cruz), viver a verdadeira comunhão dos santos, desfrutar do partir do pão com o próximo e orar sem cessar. Pois Ele mesmo é tudo em todos. É o paradigma da sua Igreja, paradigma que jamais será quebrado, pois vive e permanece para sempre. Amém!
Graça e paz.
Gineton Dantas Queiroz Filho